Outrora ocupando o sexto lugar no segundo semestre de 2019 no ranking global da Grant Thornton, que mede o grau de confiança dos empresários quanto aos próximos 12 meses da economia global, o Brasil caiu 10 posições, indo para o 16° posto da pesquisa. O estudo que mediu o otimismo com o futuro da economia nos 29 principais países foi realizado em meio à crise sanitária e econômica que o mundo enfrenta por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Agora, apenas 40% dos empresários brasileiros estão otimistas com o futuro da economia brasileira, ou seja, mais da metade estão pessimistas. Há seis meses, quando divulgado em janeiro a edição anterior do estudo, 69% entrevistados tupiniquins estavam com boas perspectivas.
Enquanto isso, a média global caiu 15 pontos percentuais (p.p), indo de 59% na edição anterior para os atuais 43% de empresários otimistas. Lideram o ranking como países mais esperançosos o Emirados Árabes, com 69% de otimismo, seguido na vice-liderança pelo Vietnã (65%) e China (65%) e, subsequentes, da Nigéria (64%) e Índia (63%). O Brasil fica atrás ainda de países como Argentina (41%), México (41%) e empatado com Turquia, também com 40%.
Confira o ranking global do otimismo (%)
- Emirados Árabes Unidos – 69
- Vietnã – 65
- China – 65
- Nigéria – 64
- Índia – 63
- Indonésia – 56
- Filipinas – 54
- Estados Unidos da América – 50
- África do Sul – 47
- Austrália – 47
- Malásia – 45
- Canadá – 44
- México – 41
- Argentina – 41
- Turquia – 40
- Brasil – 40
- Irlanda – 39
- Grécia – 37
- França – 35
- Cingapura – 33
- Reino Unido – 31
- Alemanha – 31
- Tailândia – 24
- Espanha – 24
- Itália – 23
- Rússia – 17
- Suécia – 13
- Coreia do Sul – 10
- Japão – 6
No Brasil, quando perguntados sobre a tendência de desempenho para os próximos 12 meses, 51% dos empresários afirmam que esperam um aumento de vendas e receita para seus negócios. São 23 pontos percentuais (p.p) a menos do que apontado na edição anterior da pesquisa (74%), divulgada em janeiro, mas acima da média global dos 29 países, que foi de 34%.
Ainda em terras tupiniquins, 40% acreditam na tendência de aumentar as exportações para seus negócios, uma redução de 2 pontos percentuais (p.p) em relação à edição anterior. O mesmo quadro podemos observar para a empregabilidade, onde 46% acreditam no aumento do emprego, colocando o Brasil em sexto lugar no quesito, acima da média global, onde apenas 28% acreditam no crescimento de postos de trabalho.
A pesquisa também aponta que o setor de construção civil pode ficar menos otimista comparado à edição anterior. Os resultados do último semestre de 2019 apontavam que 49% dos empresários esperam realizar investimentos em novos edifícios, o que colocava o Brasil na sexta posição no ranking global.
Contudo, agora, apenas 39% dos entrevistados tupiniquins pretendem investir em novos edifícios. O dado ainda é acima da média global (22%) e mantém o Brasil na 6° posição.
Daniel Maranhão, CEO da Grant Thornton Brasil, credita a queda de otimismo quanto às economias mundiais e, mais intensa no Brasil, se deve, aos impactos da pandemia de Covid-19 diretamente nos negócios e, também, a piora em alguns cenários políticos.
As agências de risco, como a Fich, esperam uma queda de 4,6% no PIB mundial. Mas, para o Brasil, a queda esperada pode ser maior do que 7%. Isso se deve ao cenário político. Na edição anterior do estudo do IBR, o Brasil tinha acabado de aprovar a reforma da Previdência e já falava em aprovação das reformas Tributária e Administrativa. Agora, passados seis meses, aumentamos muito o déficit fiscal com os gastos necessários para ajudar as famílias e as empresas, como por exemplo medidas para auxiliar o fluxo de caixa da organizações e redução da jornada de trabalho para manutenção dos empregos. Contudo, não andamos com nenhuma das duas importantes reformas. Fora isso, há um cenário mais turbulento entre governo e STF e eleições municipais à frente. Nos EUA, a reeleição do Trump, que era dada como certa antes da pandemia, já não é uma certeza, o cenário é bastante equilibrado e, nem o mercado de capitais e nem os empresários gostam de trabalhar com incertezas. A partir do momento que esses cenários começarem a ficar mais claros e as reformas e medidas econômicas, como algumas privatizações no Brasil, andarem em ritmo mais acelerado, certamente o otimismo do empresariado vai voltar, junto com a retomada da economia no segundo semestre” [Daniel Maranhão – CEO da Grant Thornton Brasil]